DESLIZE
Salto, Lisbon
13.05.23 - 17.06.23
[EN]
… 4, 3, 2, 1. Reiniciando uma imagem de simbologias semi-desconhecidas. Além de falhas de sistemas e sinais decodificados, existem verbos que indicam movimento, ação e reação. Neste intervalo de tempo, um sopro apocalíptico cria novas espécies e maneiras de vida. É construído um caminho fugaz ditado pelos céus que passa por paisagens em chamas, cortinas de fumaça, vitrines decadentes e florestas escuras que dominam ruínas.
Extinção é causa e consequência. Um corpo não é preparado para morrer e nascer quantas vezes for preciso. Um corpo vivo é um corpo que se extingue. O chifre do último unicórnio marinho foi encontrado sob carvões. Parafusos e placas de aço inoxidável começaram a sustentar o imaginário de uma mata densa enquanto nuvens escrevem premonições nos céus. Para o mato que nasce em qualquer lugar, sem pedir licença, instruções de cuidados já foram feitas e estampadas pelas ruas de uma cidade deserta, onde o tempo foi corroído pelo sal e outras cenas estranhas aconteciam em cima - em baixo - através.
Elementos estão sendo formulados para compor um outro real. Ocorre nesta reprogramação algo que parece comum em jogos de ficção e realidade: Fases. Ciclos. Erros. A magia acontece na repetição: no tic tac do relógio e na respiração como exercício vital. Fraturas expostas entre o caos e a passagem do tempo são válvulas de escapes que apontam para o desvio, compondo uma paisagem que aparece descolada e possível de ser reinventada.
Deslize, uma palavra ambígua que aqui se conecta em 13 sentidos, 13 atos. Pode ser vista como um erro sutil ou uma jogada de mestre que, em tentativas infindáveis, resvalam ligeiramente nessa roda de um giro constante, criando caminhos onde as atenções se voltam para as revoluções cíclicas, estéticas e simbólicas. No fim dessa linha começa uma outra linha. Detectar o ponto de passagem. Traçar rotas de fuga. Começar de novo.
Ana Grebler & Ian Gavião